A chegada dos Europeus na Patagônia
- Juliana
- 24 de fev.
- 14 min de leitura

Desafiando todos a distância. o desconhecido e o clima inóspito, os navegadores desbravaram os mares revoltos nas primeiras expedições exploratórias pelo extremo sul do continente. Inicialmente o objetivo inicial era consolidar um caminho para o oriente, unindo o Oceano Atlântico com o Pacifico, posteriormente surgiram os primeiros assentamentos espanhóis, porém outras nações, como Inglaterra, buscavam ativamente participar da colonização do novo mundo.
Também foi marcante a presença de cientistas, naturalistas e demais imigrantes buscando novas oportunidades de vida, como os galeses na região na província de Chubut.
Te convido a participar de uma viagem do tempo, para entender um pouco mais da formação das cidades patagônicas, sua interação com os povos originários e seu legado nos dias de hoje
As primeiras expedições de exploração pela Patagônia - Séculos XVI e XVII
1. Fernão de Magalhães (1519-1522)
Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a explorar a costa da Patagônia durante sua famosa expedição de circunavegação. Em 1520, ele e sua frota navegaram ao longo da costa patagônica, parando para reparar navios e reabastecer. Foi nessa viagem que sua tripulação encontrou os Tehuelches, impressionando-se com sua estatura, o que levou ao nome "Patagônia".
A principal conquista de Magalhães na região foi a descoberta do Estreito de Magalhães, uma passagem marítima natural que conectava o Oceano Atlântico ao Pacífico, abrindo uma rota para o oeste sem passar pelo perigoso Cabo Horn.
Fernão de Magalhães (1480–1521) foi um navegador e explorador português que desempenhou um papel crucial na expansão marítima europeia e na compreensão do mundo durante a Era das Descobertas. Ele liderou a primeira expedição a circunavegar o globo, provando que a Terra era redonda e que os oceanos estavam interligados. Embora ele tenha morrido antes de completar a viagem, sua jornada marcou um dos momentos mais importantes da história da navegação.
Infância e formação
Fernão de Magalhães nasceu por volta de 1480, provavelmente na região de Sabrosa ou no Porto, em Portugal. Filho de uma família nobre, ele teve acesso à educação, aprendendo navegação, matemática, astronomia e cartografia. Aos 25 anos, ingressou nas expedições portuguesas, participando de campanhas militares no Oceano Índico e em terras asiáticas, como as Molucas (atuais Ilhas das Especiarias na Indonésia).
A Expedição às Molucas e o serviço à Espanha
Após discordâncias com o rei D. Manuel I de Portugal, Magalhães ofereceu seus serviços ao rei Carlos I da Espanha (futuro Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico). Ele propôs alcançar as Ilhas das Especiarias navegando para o oeste, contornando o continente americano, uma rota que ninguém havia explorado até então. Isso visava garantir que as riquezas das especiarias pudessem ser acessadas sem infringir o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre Portugal e Espanha.
Em 1519, Carlos I apoiou a expedição de Magalhães com cinco navios: Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago. A tripulação era composta por cerca de 270 homens de várias nacionalidades.
A Viagem de Circunavegação
1. Partida da Espanha (1519): A expedição zarpou de Sevilha e atravessou o Oceano Atlântico, chegando à América do Sul.
2. Descoberta do Estreito de Magalhães (1520): Após meses explorando a costa sul-americana, Magalhães encontrou uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico, hoje chamada Estreito de Magalhães. Essa travessia foi desafiadora devido às tempestades e às condições climáticas severas.
3. Oceano Pacífico: Magalhães foi o primeiro europeu a navegar pelo Oceano Pacífico, nomeado assim por ele devido às águas relativamente calmas encontradas no trajeto. No entanto, a tripulação sofreu com fome, doenças e falta de provisões.
4. Chegada às Filipinas (1521): Após meses de navegação, a expedição alcançou as Filipinas. Magalhães tentou converter os nativos ao cristianismo e se envolveu em conflitos locais.
A morte de Magalhães
Em 27 de abril de 1521, Magalhães foi morto na Batalha de Mactan, nas Filipinas, ao liderar uma tentativa de subjugar o chefe tribal Lapu-Lapu. Sua morte foi um golpe significativo para a expedição.
Conclusão da viagem
Apesar da morte de Magalhães, o navegador espanhol Juan Sebastián Elcano assumiu o comando e liderou a expedição de volta à Espanha. Em 1522, o navio Victoria foi o único a completar a viagem, com apenas 18 sobreviventes. A jornada provou a esfericidade da Terra e a vastidão do Pacífico.
Legado
Fernão de Magalhães é lembrado como um dos maiores exploradores da história. Sua expedição:
•Comprovou a interconexão dos oceanos e a viabilidade de circunavegar o globo.
•Contribuiu para o avanço da ciência náutica e da cartografia.
•Ampliou as rotas comerciais e o alcance europeu em escala global.
Embora ele tenha morrido antes de concluir sua missão, Magalhães permanece como símbolo de determinação, coragem e curiosidade humana.
2. Expedição de Simón de Alcazaba (1535-1536)
Simón de Alcazaba, um explorador espanhol, foi enviado para explorar a Patagônia e estabelecer assentamentos na região. Ele chegou à costa patagônica em 1535, mas a expedição enfrentou dificuldades devido às condições extremas e conflitos internos. Tentativas de colonização fracassaram, e Alcazaba acabou sendo assassinado por sua própria tripulação.
A Expedição de Simón de Alcazaba y Sotomayor (1535–1536) foi uma das primeiras tentativas de colonização da região da Patagônia, situada no extremo sul da América do Sul. Essa expedição é notável por sua ambição de explorar e estabelecer domínio espanhol em um território remoto e pouco conhecido, além de pelos desafios e fracassos que enfrentou.
Contexto histórico
Simón de Alcazaba era um navegador e explorador espanhol de origem granadina. Em um período de intensa competição entre Espanha e Portugal pela conquista de territórios no Novo Mundo, Alcazaba recebeu permissão da coroa espanhola para explorar a região da Patagônia, que já havia sido brevemente visitada por Fernão de Magalhães durante sua famosa viagem de circunavegação em 1520.
O objetivo da expedição era estabelecer uma colônia permanente no sul da América do Sul, reforçando a presença espanhola e explorando os recursos naturais, especialmente ouro, prata e outras riquezas.
A expedição
1.Partida (1535): Alcazaba partiu de Sevilha com dois navios e cerca de 260 homens, incluindo soldados, navegadores e colonos. Ele tinha o título de governador da Nova Leão, nome dado ao território a ser conquistado.
2.Chegada à Patagônia: Após uma viagem difícil pelo Atlântico, os navios chegaram à costa patagônica, possivelmente próximo da região do Golfo de San Jorge, no atual território da província de Chubut, Argentina.
3.Desafios e adversidades:
Clima rigoroso: A Patagônia é conhecida por suas condições climáticas extremas, com ventos fortes, temperaturas baixas e recursos limitados para sustentar um assentamento.
Escassez de alimentos: A falta de suprimentos levou a fome e ao enfraquecimento dos homens.
Resistência indígena: Os habitantes indígenas da região (possivelmente Tehuelches) resistiram à presença dos espanhóis, complicando ainda mais os planos de colonização.
Rebelião e morte de Alcazaba: A insatisfação entre os membros da expedição cresceu devido às condições adversas e à liderança de Alcazaba, considerada autoritária. Em 1536, uma rebelião liderada por um de seus subordinados resultou no assassinato de Simón de Alcazaba. Após sua morte, a expedição entrou em colapso.
Consequências
•Fracasso da colonização: A expedição não conseguiu estabelecer uma colônia permanente na Patagônia. A maioria dos homens morreu devido à fome, violência ou doenças. Alguns poucos sobreviventes retornaram à Espanha.
•Impacto na exploração espanhola: O fracasso de Alcazaba desestimulou novas tentativas de colonização na região patagônica por várias décadas. Apenas no final do século XVII e início do XVIII os espanhóis retomaram o interesse estratégico pela área.
•Legado histórico: Apesar de fracassada, a expedição de Simón de Alcazaba é lembrada como uma das primeiras iniciativas europeias de exploração e colonização na Patagônia, destacando os desafios de dominar uma das regiões mais inóspitas do mundo.
A história da expedição ilustra as dificuldades enfrentadas pelos primeiros exploradores em seu esforço de expansão para os confins do globo, bem como os limites da tecnologia e do conhecimento geográfico da época.
3. Francis Drake (1578)
O corsário inglês Sir Francis Drake passou pela Patagônia durante sua famosa viagem de circunavegação. Em 1578, ele navegou pelo Estreito de Magalhães, enfrentando tempestades severas e dificuldades para manobrar. Drake explorou as águas ao sul do estreito e contribuiu para o mapeamento da região, incluindo ilhas próximas.
A Jornada pela Patagônia
Chegada ao Estreito de Magalhães:
Em agosto de 1578, Drake chegou ao Estreito de Magalhães, localizado na ponta sul da América do Sul. A navegação pela passagem foi extremamente difícil devido às condições meteorológicas imprevisíveis, ventos fortes e águas turbulentas.
Durante a travessia, ele perdeu dois dos navios da frota: o Marigold, que afundou durante uma tempestade, e o Elizabeth, que retornou à Inglaterra devido às condições adversas.
Tempestades no Pacífico:
Após passar pelo estreito, Drake enfrentou tempestades severas no Pacífico, que o desviaram para o sul, em direção às águas ao redor do arquipélago da Terra do Fogo.
É possível que ele tenha avistado as ilhas conhecidas hoje como as Ilhas Diego Ramírez, ao sul do Cabo Horn.
Interação com os Indígenas:
Enquanto estava na região da Patagônia, Drake e sua tripulação tiveram contato limitado com os povos indígenas locais, possivelmente os Tehuelches. Relatos ingleses descrevem os nativos como altos e fortes, perpetuando o mito dos "gigantes patagônios" já mencionado por navegadores anteriores.
Exploração e Saque:
Após atravessar para o Pacífico, Drake continuou sua missão de atacar navios e portos espanhóis ao longo da costa oeste da América do Sul. Ele acumulou grandes quantidades de tesouros, especialmente ouro e prata, de embarcações espanholas.
Legado da Expedição pela Patagônia
1.Fortalecimento do Poder Naval Inglês:
A bem-sucedida travessia do Estreito de Magalhães e a posterior circunavegação do globo consolidaram Francis Drake como um dos maiores navegadores de sua época. Sua viagem foi uma demonstração do crescente poder marítimo inglês, desafiando a supremacia espanhola.
2.Contribuição à Cartografia:
A passagem pela Patagônia resultou em novos mapas e relatórios detalhados da região, enriquecendo o conhecimento geográfico europeu sobre o sul da América. As descrições da região reforçaram a ideia de sua inospitalidade e desafios naturais.
3.Influência na Corrida Colonial:
A jornada de Drake inspirou futuras expedições inglesas, que buscavam competir com a Espanha por territórios e rotas comerciais. Embora a Inglaterra não tenha estabelecido colônias na Patagônia, a viagem destacou o potencial estratégico da região.
4.Construção do Mito de Drake:
A viagem de Drake transformou-o em uma figura lendária na história da navegação. Na Inglaterra, ele foi celebrado como herói, enquanto na Espanha era visto como um pirata temido. Seu título de cavaleiro, concedido pela Rainha Elizabeth I em 1581, foi um símbolo de sua importância para o poderio marítimo inglês.
5.Relatos e "Gigantes Patagônios":
Os relatos de Drake sobre os indígenas da Patagônia perpetuaram mitos sobre os "gigantes" descritos por exploradores anteriores. Esses relatos, embora exagerados, alimentaram o fascínio europeu pela região.
Conclusão
A expedição de Francis Drake pela Patagônia foi um marco na exploração marítima e na consolidação do domínio inglês nos mares. Apesar dos desafios enfrentados, sua habilidade de navegar e sobreviver em condições extremas demonstrou a resiliência dos exploradores da época. Seu legado permanece como um símbolo do avanço das navegações europeias e da luta pelo controle dos oceanos durante a Era das Descobertas.
4. Pedro Sarmiento de Gamboa (1581)
Pedro Sarmiento de Gamboa foi enviado pela coroa espanhola para fortificar o Estreito de Magalhães e impedir incursões de piratas e corsários, como Francis Drake. Ele fundou dois assentamentos, Nombre de Jesús e Ciudad del Rey Don Felipe (conhecida como Puerto del Hambre). No entanto, as condições extremas e a falta de suprimentos levaram ao fracasso dessas colônias.
A expedição de Pedro Sarmiento de Gamboa em 1581 pela Patagônia foi uma das tentativas mais significativas da coroa espanhola de estabelecer uma presença permanente na região do Estreito de Magalhães, uma rota estratégica entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa expedição ficou marcada tanto pelos desafios enfrentados quanto pelos trágicos resultados das colônias fundadas.
Contexto da Expedição
No final do século XVI, o Estreito de Magalhães era uma rota vital para as viagens entre a Europa e o Pacífico. Para proteger esse ponto estratégico dos ataques de corsários, especialmente dos ingleses como Francis Drake, que navegou pelo estreito em 1578, o rei Felipe II da Espanha decidiu criar assentamentos fortificados para assegurar o controle espanhol da área.
Pedro Sarmiento de Gamboa, um experiente navegante, cartógrafo e historiador, foi encarregado de liderar a missão. O objetivo era duplo: mapear e fortificar o estreito e fundar colônias espanholas permanentes.
5. Willem Schouten e Jacob Le Maire (1616)
Os navegadores holandeses Willem Schouten e Jacob Le Maire exploraram a Patagônia enquanto buscavam uma nova rota para o Pacífico. Em vez de usar o Estreito de Magalhães, eles descobriram o Cabo Horn, no extremo sul do continente, proporcionando uma alternativa importante para a navegação.
Essas viagens foram fundamentais para mapear e compreender a Patagônia e o sul do continente. Apesar dos desafios enfrentados – como tempestades, frio intenso e suprimentos limitados –, esses exploradores abriram caminho para o conhecimento europeu sobre uma das regiões mais remotas e inóspitas do planeta.
A expedição de Willem Schouten e Jacob Le Maire em 1616 foi uma das mais importantes na história da exploração marítima, sendo responsável por descobrir uma nova rota para o Oceano Pacífico através do Cabo Horn, na extremidade sul da América do Sul. Essa expedição foi notável por seu impacto na navegação, cartografia e na competição comercial marítima entre as potências europeias do século XVII.
Contexto da Expedição
Na época, a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) tinha o monopólio das rotas comerciais que passavam pelo Estreito de Magalhães e pelo Cabo da Boa Esperança. Para contornar esse monopólio, Isaac Le Maire, um rico comerciante holandês, patrocinou uma expedição liderada por seu filho Jacob Le Maire e o experiente capitão Willem Schouten. O objetivo era encontrar uma nova rota para o Oceano Pacífico que não infringisse os monopólios da VOC.
A expedição partiu de Texel, Holanda, em junho de 1615, com dois navios: o Eendracht e o Hoorn.
A Jornada pela Patagônia
Exploração da Costa Patagônica:
A expedição chegou à costa da Patagônia no final de 1615. Durante a navegação, a tripulação explorou a região costeira, mapeando áreas inóspitas e interagindo de forma limitada com os povos indígenas locais.
Desafios Enfrentados:
A navegação pela Patagônia foi difícil devido às condições climáticas extremas, com ventos fortes e águas agitadas.
Em um incidente na região de Puerto Deseado (atual Argentina), o navio Hoorn pegou fogo acidentalmente e foi destruído, deixando a expedição com apenas o Eendracht para continuar a jornada.
Descoberta do Cabo Horn:
Em janeiro de 1616, a expedição navegou ao sul da Terra do Fogo e descobriu um novo cabo, que nomearam de Cabo Horn (Kaap Hoorn), em homenagem à cidade natal de Schouten, Hoorn, na Holanda.
Esta descoberta foi de extrema importância, pois oferecia uma alternativa ao Estreito de Magalhães e evitava as restrições impostas pela VOC.
Navegação pelo Pacífico:
Após passar pelo Cabo Horn, a expedição seguiu para o Oceano Pacífico, explorando novas ilhas no caminho até chegar às Índias Orientais.
Legado da Expedição
1.Descoberta do Cabo Horn:
A identificação do Cabo Horn foi um marco geográfico e cartográfico, pois revelou uma rota marítima segura e alternativa ao Estreito de Magalhães. Essa passagem tornou-se fundamental para a navegação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
2.Ampliação do Conhecimento Geográfico:
A expedição forneceu novos mapas e informações detalhadas sobre a Patagônia, a Terra do Fogo e as águas ao sul da América do Sul. Esses dados enriqueceram o conhecimento europeu sobre essa região remota e inóspita.
3.Desafios ao Monopólio da VOC:
A nova rota descoberta por Schouten e Le Maire foi uma vitória para comerciantes independentes, como Isaac Le Maire, que queriam desafiar o monopólio da VOC. No entanto, ao chegar às Índias Orientais, a tripulação foi detida pela VOC sob acusações de violar as leis comerciais.
4.Impacto na Navegação Marítima:
A descoberta do Cabo Horn abriu novas possibilidades para a navegação global, especialmente para exploradores e comerciantes europeus que buscavam alternativas às rotas tradicionais.
5.Consolidação da Reputação Holandesa:
A expedição de Schouten e Le Maire reforçou a reputação dos navegadores holandeses como líderes na exploração marítima, inovação e cartografia.
Conclusão
A expedição de Willem Schouten e Jacob Le Maire foi um marco na história da navegação, tanto por sua importância geográfica quanto por seu impacto comercial. A descoberta do Cabo Horn não apenas desafiou o monopólio da VOC, mas também expandiu os limites do conhecimento europeu sobre o extremo sul da América do Sul. O legado dessa jornada continua sendo uma lembrança do espírito de exploração e inovação da Era dos Descobrimentos.
O século XVI foi um período que deixou um legado importante para o entendimento da geografia do continente Americano e consolidação da teoria de da forma esférica do planeta, portanto a possibilidade das viagens de Circunavegação pela conexão dos Oceanos Atlântico e Pacífico , unindo o Ocidente ao Oriente. Por fim, o descobrimento dos povos originários e o conhecimento das civilizações austrais e sua forma de vida. Os aventureiros dos mares mostraram o mundo para o mundo.
Por muitos anos, devido a sua inospitalidade e interesses em outras regiões do continente , a vida na Patagônia seguia quase intocada até o século XIX, quando mudanças no paradigmas globais e novos interesses por parte da Europa e dos países base dos territórios patagônicos, fizeram que novamente a região fosse foco , os olhos mundiais se voltaram para a região.
Travessia Estreito de Magalhães
Venha conhecer de perto esses lugares espetaculares na Expedição Patagônia Full Adventure com nossa equipe no mês de março , e viva ao vivo essas histórias incríveis.
Um destes lugares especiais é nossa travessia pelo icônico ESTREITO DE MAGALHÃES
Expedição Patagônia Full Adventure - dia que iremos de Rio Gallegos a Ushuaia, cruzando a Ilha Grande de Tierra del Fuego
Um dos momentos mais esperados em nossa Expedição é ir até a cidade de Ushuaia. No dia anterior faremos uma preparação, por meio de brieffing e abastecimento de comida não perecível, já que faremos o Paso Fronteirizo Integracion Austral, ou seja vamos percorrer aproximadamente 200 km em território chileno.
Com a pastinha de documentos em mãos, saímos bem cedinho para nossa jornada rumo ao fim do mundo . Veja como é o trajeto:
O trajeto terrestre até Ushuaia
Saída da Argentina (Rio Gallegos, Santa Cruz)
Seguir pela Ruta Nacional 3 até o ponto de fronteira com o Chile (Paso Integración Austral).
Entrada no Chile
Seguir pela Ruta CH-255 e depois pela CH-257 até o Estreito de Magalhães.
Travessia de balsa
Em Punta Delgada, pegar a balsa que cruza o Estreito de Magalhães até a ilha da Terra do Fogo.
As barcaças partem a cada 30 minutos e não precisa reservar anteriormente. Neste trecho o canal é bem mais estreito e em geral, a travessia é tranquila.
É emocionante cruzar esse local histórico, que separa a Patagônia continental e insular
Percurso dentro do Chile
Continuar pela Ruta CH-257 até o posto de fronteira em San Sebastián, onde se volta para a Argentina.
Reentrada na Argentina
Já de volta à Ruta Nacional 3, seguir por cerca de 300 km até Ushuaia.
Mas afinal, porque precisamos passar pelo Chile????
História do Acordo de Fronteira entre Chile e Argentina na Terra do Fogo
A divisão da Terra do Fogo entre Argentina e Chile foi estabelecida pelo Tratado de 1881, um dos principais acordos de fronteira entre os dois países. Esse tratado definiu a soberania sobre a região e evitou possíveis conflitos no extremo sul da América do Sul.
1. O Tratado de 1881 – A Partilha da Terra do Fogo
Até o final do século XIX, Argentina e Chile disputavam territórios na Patagônia e na Terra do Fogo. O Tratado de Fronteira de 1881 foi assinado para dividir a região da seguinte maneira:
A Cordilheira dos Andes seria a fronteira principal no continente, com o limite seguindo a linha das águas vertentes (o divisor natural das águas entre os oceanos Atlântico e Pacífico).
A Terra do Fogo foi dividida, ficando a parte oriental com a Argentina e a parte ocidental com o Chile.
O Estreito de Magalhães ficou sob controle exclusivo do Chile, garantindo a navegação internacional.
O arquipélago das Ilhas do Cabo de Hornos e outras ilhas ao sul da Terra do Fogo ficaram sob soberania chilena.
Este tratado evitou uma guerra e consolidou a divisão política que permanece até hoje.
2. Conflitos Posteriores e o Laudo Britânico de 1902
Apesar do tratado, surgiram novas tensões:
A definição exata da linha de fronteira nos Andes gerou disputas.
Em 1902, um Laudo Arbitral Britânico delimitou com mais precisão a fronteira.
Esse laudo ajudou a evitar um novo conflito e consolidou a separação territorial entre os dois países.
3. A Crise do Canal de Beagle (1978)
Décadas depois, Argentina e Chile voltaram a ter desentendimentos, desta vez sobre a posse das Ilhas Picton, Nueva e Lennox, na entrada do Canal de Beagle.
Em 1971, o Chile aceitou um laudo arbitral britânico, que lhe concedia as ilhas.
A Argentina, porém, rejeitou a decisão e ameaçou invadir o território chileno.
Em dezembro de 1978, os dois países quase entraram em guerra, mas a mediação do Papa João Paulo II levou ao Tratado de Paz e Amizade de 1984, no qual a Argentina reconheceu a soberania chilena sobre as ilhas.
Conclusão
A divisão da Terra do Fogo entre Argentina e Chile foi definida no Tratado de 1881 e confirmada posteriormente por arbitragens internacionais. Apesar de algumas tensões ao longo da história, o acordo garantiu a estabilidade da fronteira na região até os dias de hoje.
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