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Diário de bordo, dicas de viagem, conteúdo relevante.

Parque Nacional los Glaciares - 3ª Parte - Demais aspectos

Nesse post, vou escrever sobre aspectos relevantes do Parque Nacional los Glaciares e da Patagônia em geral, e vou finalizar essa primeira categoria fazendo uma viagem de Bariloche até El Calafate, junto com a equipe Andes Experience (eu, Gabriel, minha filha Victória e a Gigantona), estamos muito ansiosos por realizar esse sonho e futuramente ser uma paceira na realização de sonhos de muitas pessoas


Um dos nomes mais conhecidos no Sul da Argentina é de Francisco Pascácio Moreno, mais conhecido como Perito Moreno. Ele é homenageado com o nome do mais famoso Glaciar da Argentina, existe uma localidade na Patagônia com seu nome, um Parque Nacional e toda a cidade patagônica com certeza tem alguma rua, praça com esse nome.


Mas quem foi Moreno e por que ele é tao querido e idolatrado na Patagônia, eu pessoalmente, tenho uma profunda admiração e adoro sua história de vida e será um prazer contar para vocês


Breve Biografia de Perito Moreno


Nascido em Buenos Aires no dia 31 de Maio de 1852 e falecido no dia 22 de Novembro de 1919 , foi cientista , naturalista e explorador , deixou um legado cientifico, tanto na área antropológica, botânica, geológica, zoologia e etnografia. Seus estudos e exploração pela Patagônia foram determinantes na questão limítrofe da Argentina e Chile, no final do seculo XIX, Perito Moreno é considerado o "Pai dos Parque Nacionais" com a fundação do Parque Nacional Nahuel Haupi em 1903, a partir de sua doação de terras para a criação do mesmo, as quais havia recebido do governo como reconhecimento na questão limítrofe com Chile.


As duas primeiras viagens a Patagônia foram em 1873 e 1875 , sendo que foi o primeiro homem branco a chegar na região vindo do litoral. Na primeira viagem percorreu a província de Rio Negro, chegando as margens do Lago Nahuel Huapi, próximo a região de Bariloche. Na segunda expedição, percorreu a província de Santa Cruz, chegando ao Lago Argentino. Uma curiosidade é que apesar de estar próximo Perito Moreno não chegou a conhecer o Glaciar que leva seu nome. Essas expedições mostraram para a sociedade cientifica e em geral, uma região totalmente desconhecida até então , em diversos aspectos, principalmente em referencia as populações originárias locais.


Moreno foi o fundador e segue sendo o diretor vitalicio do Museu de História Natural de La Plata , recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Córdoba. Com o acirramento das questões sobre os limites com o Chile, Moreno foi nomeado Perito nas negociações mediadas pela demarcação efetiva da fronteira submetida ao laudo arbitral do governo britânico , entre os anos de 1892 e 1897. Teve exito em sua viagem a Londres para exposição e argumentação de sua obra Frontera argentino-chilena, na qual expunha uma síntese de seus estudos acerca da questão fronteiras argentinas.


Uma alma apaixonada pela natureza, um incansável explorador, e um patriota que lutou pela sua terra , para muitos um herói e para outros nem tanto. Morreu na pobreza, porém seu legado , hoje é reconhecido por aqueles que conhecem a história desse homem que lutou com leões

( tanto no sentido figurado como no literário ) . Hoje seus restos mortais descansam na pequena ilhota Sentinela , na entrada do Braço Blest, no Parque Nacional Nahuel Huapi, que criou, e cada barco que por aí passa, homenageia Moreno com três buzinadas, assim lembrando a todos que a Patagônia e a Argentina , tem parte de sua história relacionada a esse pioneiro


Francisco Pascacio Moreno , o Perito Moreno

Flora e Fauna da Patagônia


Flora


Como na natureza tudo está relacionado e conectado, a fauna de uma região está diretamente ligada a sua localização ( altitude, latitude, etc) e demais aspectos ( climáticos: ventos, índice pluviométrico, temperatura média, etc)


Como vimos em post anteriores, na Patagônia em geral , os ventos vem do Oceano Pacifico, se chocam com a cordilheira dos Andes e precipitam e aos poucos perdem força, conclusão: a Patagônia Chilena é em geral, mais chuvosa e mais verde, e a Patagônia Argentina , na região cordilheirana tem uma vegetação mais verde e a medida que vamos a leste , o clima fica mais seco e acaba predominando a paisagem da estepe ( uma especie de deserto ) , e entre o verde andino e o clima seco da estepa, temos uma área de transição


Estepe ou estepa Patagônica


As precipitações podem chegar a 400 mm anual, as plantas em geral são baixas, arbustivas, espinhosas , gramíneas amareladas (COIRON) e xerófilas (adaptadas ao clima extremo da região, com ventos fortes, seco, temperaturas baixas no inverno e durante a noite).

Podemos citar algumas plantas da estepa como CALAFATE, cujo o fruto se faz doces , existe inclusive uma lenda, de quem comer o fruto do calafate , volta para a Patagônia. Outro arbusto interessante é NENEO, que o fruto quando é comido pelas ovelhas, dão um sabor forte a carne.


Estepa Patagônica - Divulgação


Bosque de Transição


O aumento da quantidade de chuva e umidade permite o maior crescimento de maior quantidade de espécies de arbustos e árvores, as espécies mais comuns da região são os Nothofagus como coihues, lengas, arayanes, ciprés de la cordillera, alerces. etc. além dos inúmeros arbustos como a caña colihue, rosa mosqueta ( espécie exótica introduzidas pelos europeus) e as retamas. Não podemos deixar de citar as flores, encontradas em grande variedade e quantidade na Patagônia, exibem suas cores e aromas na primavera e verão. Destaque para as lavandas, rosas e amancays


Amancay - Andes Experience

Arrayan - Andes Experience


Bosques Andinos ( Selva Valdiviana e Bosque Magallánico)


Com precipitações entre 800 a 2000 mm anual , as regiões mais próximas a cordilheira tem como característica serem mais verde e úmidas, também chamada de selva fria. .A medida que a altitude aumenta, a fauna vai se modificando, acima dos 800 msnm as arvores são menores e a partir dos 400 começam a reduzir-se para arbusto, até que nos topos das montanha praticamente não existe vegetação.

Exemplares da fauna da selva fria : lengas, coihes, ciprés de las guatecas, leña dura, canelo, chilco, orquídea amarilla, entre outros


Selva Fria - Divulgação

Nas estancias patagônicas, duas especies de árvores exóticas foram introduzidas para servir de barreira aos fortes ventos , são elas os alamos e o sauce.



Alamos proteção contra os ventos - Divulgação

Fauna


Como o objetivo do post é conhecer um pouco mais da Patagônia, nada melhor que ilustrar a fauna local com fotos e informações, alias, melhor que isso , só mesmo percorrendo as estradas e rutas para ver in loco , ao vivo e a cores tais exemplares ( que são lindos, cada animal silvestre é uma emoção )


A fauna autóctone continental andina andina tem muitas espécies como os cervos nativos

(huemul e pudu) , felinos como o puma, camelídeos como guanacos, raposas, lebres da patagônia ( maras) e uma espécie de avestruz chamada choique . Além de inúmeras espécies de aves, com destaque para o condor andino nas altas cumbres das montanhas. Ainda podemos citar espécies introduzidas como o cervo vermelho e as trutas .


Huemul - Divulgação

Puma - Divulgação

Choque e guanaco - Divulgação


A fauna da região litorânea merece um capitulo a parte, próximo a península de Valdés , com destaque aos lobos e leões marinhos, pinguins e baleias francas


Pinguins de Magalhães - Península Valdes - Divulgação

Povos Originários da Patagônia


Assim como os demais aborígenes da América, um das as teorias sobre a chegada do homem no continente é que possivelmente tenham vindo pelo Estreito de Behring aproximadamente 20.000 anos atras. Esse homem pré histórico deixa suas marcas , através de desenhos, inscrições rupestres e objetos . Na Patagônia, o local mais representativo deste legado é Cueva de las Manos, um sitio arqueológico de 9.000 anos, tombado como Patrimônio Mundial pelo Unesco.



Os indígenas que habitaram a zona,foram os Patagones ou Tehuelches , sendo que o nome deriva da língua mapuche que significa "Chehuel"bravo, arisco e"Che" gente. Viviam em toda região patagônica, Da cordilheira ao litoral, seguindo os grupos de guanacos , alguns grupos tinham línguas diferentes, porem podem ser considerados da mesma etnia e tinham hábitos semelhantes.


Eram recolhetores e caçadores nômades, sua base alimentar eram os guanacos e choiques

(ñandues) eram habilidosos com o uso das boleadeiras. Caminhavam em marcha, aproximadamente uns 25 km por dia, andavam pelos cânions, onde geralmente encontravam água e proteção dos fortes ventos.

A divisão de trabalho era feita de acordo com o sexo, homens se dedicavam a caça, guerra e armas, já as mulheres preparavam as peles para o vestuário, recolhiam lenha, buscavam água e cuidavam do acampamento . Eram comandados por um cacique ( cargo hereditários) e as principais determinações eram feitas por um conselho de" homens importantes"


Tehuelches - Divulgação

Eram altos ( homens media 1,75 a 1,80 m ), mulheres um pouco menores, mas também acima da média européia. Se vestiam com pele de guanaco, lebre e raposa para suportar o clima inóspito da região. Com chegada do homem branco, passaram a utilizar o cavalo, e se mostraram excelente ginetes, ampliaram seu território e passaram a ter contato com outros grupos étnicos, principalmente com os araucanos ( hoje mapuches) provenientes do norte da Patagônia e Chile.


Lamentavelmente, alguns tristes e sangrentos e polêmicos capítulos da historia, acabaram dizimando os povos originários patagônicos, como a campanha militar argentina , nos anos de 1878 e 1885, conhecida como "Conquista del Desierto"


Um país com grandes extensões territoriais como a Argentina, tem sua base econômica rural, que por sua vez , tem uma forte base politica , representada por estancieiros que apoiam a campanha , afim de ampliar território "desocupado" , dominado pelos índios, principalmente da região da Pampa até a Patagônia.


Em 1877, o general Julio Argentino Roca foi nomeado como ministro de Guerra pelo presidente Avellaneda. Ao contrário de seu antecessor Alsina, Roca acreditava que la única solução contra a ameaça que representava os indígenas era subjugar-los, expulsar-los, ou promover um genocídio étnico, porque as políticas de contenção de fronteiras , nos cenário politico anterior não tinha dados resultados satisfatórios.


Com 6000 homens Roca tem exito na Campanha do Desierto e como consequência , até nos dias de hoje debatida por diferentes posições sociais e politicas, os indígenas foram dizimados , sofreram cm aculturação , perde de terras e de sua identidade, foram escravizados ,e sofreram com a violência a qual foram submetidos .

Campanha del Desierto

Hoje em dia , os Tehuelches estão praticamente extintos,existem apenas dois assentamentos,no estado de Chubut, um com 80 e o outro com 30 pessoas, com postos predominantemente de pessoas mais velhas, algumas mães com filhos pequenos, poucos homens e mulheres jovens. Perderam seu idioma original e falam alguns vocábulos da língua mapuche, e seu estado é critico, no que se refere a cultura origina, é uma pena!!


Em cada fase, cada etapa, um aprendizado, que nossos erros sirvam de lições, e nosso acertos sirvam de exemplo para posteridade. Estamos muito felizes , nos preparando para uma expedição até El Calafate pela ruta que somos apaixonados, a Ruta 40, portanto aguardem pois voltaremos com matérias e conteúdo in loco dessa fantástica região, estaremos nas redes sociais e em breve vou escrever sobre as maravilhas do que vou ver ao vivo e cores.


Obrigada , gracias , thanks, até a próxima e com novidades



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